segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Feirantes

"Está calado e vai vender couves para a feira"
Garota da Guia, 1999
Bom dia,

Uma coisa que me aconteceu depois das minha férias na clínica foi que não consigo fazer nada sem pensar imenso primeiro. Um medo gigante de ter um comportamento parvo que vai fazer as pessoas terem pena de mim e pensarem, "é normal ele ser assim... depois do acidente não podíamos esperar que ele voltasse completamente ao que era". O medo de não medir bem uma frase que diga e acabar por ficar embaraçado. O medo de dar a entender a uma mulher que tenho interesse nela quando só a achei divertida e gosto de ter pessoas que me fazem rir à minha volta e principalmente o medo de contar uma história que é mal interpretada e as pessoas ficam a pensar mal de mim só porque não escolhi as palavras certas.

Embora este "pensar antes de fazer" seja algo que muita gente devia fazer muito mais, acaba por ser um pequeno entrave ao comportamento de uma pessoa. Vai haver mil coisas que ficam por dizer, abraços que ficam por dar, prendas por oferecer, elogios que ficam por dizer... deixa-me um bocadinho triste mas parece-me que é o comportamento normal das pessoas neste mundo por isso mais vale seguir a regra.

A linha de pensamento que o titanium me trouxe é a seguinte. Será que alguma vez fiz um elogio assim ou mandei uma boca parecida antes? Se sim, será que não fiquei envergonhado depois de o dizer? Caso até aqui não tenha chegado a nenhuma conclusão vem o último pensamento, será que a pessoa ao meu lado o diria? E esta é a pergunta que leva à parte fascinante da história e também ao título deste post.

Como muita gente sabe, na minha infância ia com os meus pais vender maçãs e alfaces para o mercado da Guia. Ter de acordar super cedo era super chato mas depois o mercado em si até era engraçado e acabou por me fazer aprender imenso. A primeira coisa que tirei dos mercados foi aprender a fazer contas de cabeça bastante rápido (na altura ainda não havia balanças com memórias, tudo contas à mão), habituei-me a guardar duas ou três contas na cabeça ao mesmo tempo (não temos filas para as caixas como no Continente e quando as senhoras começam a gritar temos que as atender depressa e várias ao mesmo tempo) e muito melhor que isto, aprendi a falar para as pessoas.

Num mercado, as pessoas não vão estar 40 minutos no meio dos corredores sem falar com ninguém para trocar 2 minutos de conversa com o caixa 
 - "xx euros. Tem cartão Continente?" 
- "Não". 
Dinheiro passa de uma mão para a outra. 
- "Aqui tem o seu troco, obrigado"
- "Obrigado",
mas passam 20 minutos na banca a falar sobre todo o tipo de coisas que viram ou lhes aconteceu durante a semana enquanto escolhem as nêsperas e depois há que ter em conta a relação cliente-vendedor. O vendedor tem de fazer o cliente sentir-se bem, ficar triste no dia em que os emigrantes saem de Portugal e ficar contente quando estão a fazer compras para um pique-nique de família (e às vezes ter de trocar de papel de um minuto para o outro). Também há os clientes habituais dos quais conhecemos as histórias e manias e temos de nos portar de acordo. Desde o homem que traz uma anedota nova todas as semanas e quer ouvir uma em troca, as senhoras que (pensam que) são mais importantes e querem ser atendidas mais rápido que toda a gente, os recém casadas que acabam sempre a falar com a minha mãe sobre as diferenças na nova vida, as pessoas que sabem um bocadinho de matemática e querem saber o que tenho andado a fazer (é só uma pessoa) e as que querem ouvir as minhas histórias de estar no estrangeiro...

Um monte de conversas que temos de medir bem antes de ter e embora passado algum tempo os clientes passem a ser conhecidos ou até amigos com quem vamos beber um café (ou convidamos para um jantar onde acaba toda a gente com os copos), há sempre as primeiras impressões onde temos de medir o que é que o cliente espera. Os novos clientes que vêm o processo como chegar, comprar e ir embora e tenhamos que falar de trivialidades (porque nunca é suposto estarmos calados) mas acabamos por não falar de nada pessoal, os clientes que gostam de se rir um bocadinho e no início temos de avaliar qual é o tipo de humor que devemos usar, que piadas sobre o governo ou a religião podemos fazer... todos estes pequenos detalhes sobre as pessoas e a vida delas que temos de compreender para as convencer que vale a pena comprar as nossas bananas.

Mesmo tendo demorado imenso tempo a reparar que o andava a fazer, passei a usar o mesmo método para toda a gente na minha vida. Dividi todos os meus conhecidos em pequenas áreas de acordo com como me posso portar com elas, mas como não as vou tentar convencer a comprar-me pepinos, divido também no que espero em troca e como tenho de ser para o conseguir. 

Dito assim até parece uma coisa um bocado má, quase que parece que tenho indícios de sociopatia. Mas por outro lado esta preocupação de seguir estas regras faz também com que pense imenso nos elogios que vou dar, na prenda certa para deixar as pessoas mais importantes para mim mais felizes e nas novidades que posso contar a cada pessoa para as fazer pensar "estou espantado, para alguém que passou pelos problemas que ele passou nunca esperei que chegasse tão longe".

Faz-me feliz ver que agora começa de novo a correr bem e faz-me ter orgulho em ter sido feirante por tudo o que isso me trouxe. Mas agora vem a parte triste da história... seguir estas "regras" faz-me pensar que me estou a afastar das pessoas. Só mostro a parte que quero a cada pessoa mas ninguém me vê como sou na realidade... e este problema tem me feito pensar imenso nas últimas semanas. Será que vale realmente a pena ser assim? Será que não era melhor ser mais aberto com toda a gente? 

É que eu era assim antes de ser cliente das terapeutas do Rehabilitation Hospital ali ao fundo da rua, depois, durante algum tempo dizia tudo o que pensava a toda a gente, passei pela fase de semi-deprimido em que não dizia nada a ninguém e agora, porque o cérebro é um sacana com um sentido de humor fodido, voltei ao que era. E tenho que acrescentar que durante o bocado que falava demais, estava convencido que o acidente me tinha tornado numa melhor pessoa. 

Voltar a ser como era fez-me um bocado de confusão. Será que estou muito melhor? Eu sinto que sim mas será que preciso de ser este feirante para estar bem? E agora vem o "silver lining" desta história, embora me parecesse que me estava a aparecer uma má faceta, na realidade só estava a voltar a ser uma pessoa normal nesta nossa sociedade... Foi preciso parar de me preocupar tanto comigo e ver os comportamentos de outras pessoas, pensar em histórias antigas e, sendo menos egocêntrico, olhar  também como toda a gente se portou nalgumas situações para reparar que, de uma forma ou de outra, somos todos feirantes e todos acabamos por seguir estes princípios... vender melões só me ajudou a ser um bocadinho melhor.

Um abraço,

PS: embora ela seja amiga de amigos e provavelmente nunca vá ler este post, ele é dedicado à garota da Guia.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

"Let's save Africa"

Em Coimbra tem existido um spam constante para todo o tipo de organizações internacionais a pedirem dinheiro pelas ruas, coisa que eu não sou contra, apenas me pergunto se eu tenho aspecto quem lhes vai dar algum. Não que eu ache que a causa seja nobre o suficiente, apenas não quero incentivar o sistema de pessoas a pedinchar na rua... Por isso nego-me a dar uma moeda a essa escumalha, prefiro gasta-la sabiamente num fino, ou uns fritos.

No seguimento do tópico encontrei isto: um "must see" do mundo da Internet:



E vós? Como fogem das ONGs?

PS: Se acharem que isto é demasiado drástico, desafio-vos a ir da portagem à câmara num dia aleatório sem tropeçarem em pelo menos uma pessoa a pedir-vos dinheiro... Eu não tenho conseguido.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

sei lá se é os chineses se é o....

Boas! Ora, antes de mais, deixem-me esclarecer que não sou racista, e não, não vou utilizar a velha piadola “tão depressa aperto a mão a um branco como o pescoço a um preto”, e peço desde já desculpa se ferir alguma susceptibilidade, mas duvido muito que algum chinês vá ler esta pequena dissertação. Devo dizer que a melhor pessoa pra fazer esta “cronica” neste momento devia ser a Mónica Alberto, uma vez que mora com 3 chineses, ao que parece, cada um mais peculiar que o outro. Bom, por conseguinte, como todos sabemos, os chineses estão por todo o lado, são, por assim dizer, o povo que melhor seguiu os manuscritos de Jesus Cristo nosso senhor “crescei e multiplicai-vos”. Sou uma observadora por natureza, mas gosto particularmente de observar o comportamento das pessoas, e é um deleite ver os chineses, enfiados nas suas atmosferas estranhas, únicas, com mil e um hábitos diferentes dos nossos. Mas no outro dia, observei algo que me intrigou bastante, e quanto mais penso nisso, menos explicações encontro… e agradeço imenso se alguém souber o porquê de tal comportamento! Ia eu a passear pelas ruas de Leicester, num belo dia sem chuva, o que é interessante, e eis que me deparo com um casal de chineses, moço e moça, mão dada e tal, MAS, o elemento masculino é que transportava a mala da senhora! Inicialmente pensei “mas que surto de cavalheirismo que aqui vai!”. Porém, continuando a minha jornada, depara-me com 2 outros casais com este mesmo comportamento, caso pra dizer “aqui há gato!”. Bom, poderia ser o dia internacional ou nacional do calendário chinês das boas maneiras, mas penso que não seria o caso, uma vez que, intrigada, perguntei a algumas pessoas “oh fulano, já viste um casal de chineses fazer x e y?” ao que me responderam “SIM”, com aquela entoação que sabemos perfeitamente o que significa: sabes porque raio fazem eles isso?”. Eu honestamente acho que o elemento feminino deste duo corre um grande risco. Mas que se passa na cabeça destas chinesas, pra confiar o seu bem mais precioso a um homem!!? Homens, eu sei que vocês têm as mais variadas e diversas habilidades, mas convenhamos, guardar coisas, não é o vosso forte! E as nossas malas, ai, são tudo! Até mesmo quando a coisa se resume a ir ali ao café da esquina comprar pastilhas, é tarefa que não se cumpre sem levar a mala! Sabe-se lá se naqueles 2 minutos não vamos precisar de retocar o gloss, sacar do lencito de papel, tirar uns pelitos com a pinça e o espelho, eu sei lá, uma imensidão de coisas! Mas as chineses lá andam, a correr este perigo!

Deixo-vos com este pensamento, mas peço-vos, se alguém souber a resposta a este enigma, por favor, “desembuxe”! Mónica, estou a confiar em ti pra levantares a pontinha do véu! 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

o Google assusta-me

Boas,

amanhã é dia de viajar de novo. Lembro-me de ser garoto e ficar todo entusiasmado quando tinha direito a andar de avião... fazer a mala era engraçado, passar todo o protocolo associado aos aeroportos, ver um sítio novo. É sempre genial.
Uns anos de doutoramento e começo a fartar-me disso tudo... não teria sido melhor ter arranjado um trabalho mais normal num sítio fixo e que não me obrigava a ser apalpado pelos seguranças uma vez por mês? Podia ser um trabalho menos interessante mas provavelmente mais simpático onde ia ter direito ver as velhas amizades e família regularmente...
O Google deve imaginar isso e como agora sabe demasiado da minha vida, só por ter acesso a todos os emails que escrevo e recebo e gerir o meu telemóvel com o Android, decide ajudar um bocadinho.
O telemóvel avisa-me uns dias antes sobre a viagem, o que tem a parte boa de me mostrar o número do bilhete e essas tretas todas que eles nos pedem no aeroporto, e também as temperaturas no destino. 26º hoje em Catânia e é junto à praia. Eu não lhe pedi para ele me mostrar estas coisas mas ele mostra só porque as sabe e sabe que pode vir a dar jeito.
Fora o medo do Google isto até me deixa entusiasmado... mesmo sabendo que a ideia é ir para lá trabalhar, os fins de semana são livres e vou ter direito a mais uns dias de praia, os italianos têm café decente e também produzem bom vinho. Vai ser óptimo.

Sobre eu me queixar sobre talvez não ter sido a melhor decisão ter decidido fazer um doutoramento não liguem demasiado... como li num livro muito interessante, Slaughterhouse-Five, or The Children's Crusade: A Duty-Dance with Death

"God, grant me the serenity to accept the things I cannot change,
The courage to change the things I can,
And wisdom to know the difference"

e estes meses foram tempo de mostrar a mim próprio que conseguia voltar a tentar fazer um doutoramento (o que ainda não consegui mas parece que vou ficando mais perto), quanto às coisas que não consigo fazer que sejam como eu queria só tenho que ser tranquilo, porque no fundo, de que vale estar triste com elas quando vou para a praia a meio de Setembro fazer alguma matemática. E também sei que qualquer dia volto a casa por isso nem vale a pena preocupar-me com mais uns meses de distância (casa quero dizer país, não a casa dos meus pais que aí eles obrigam-me a rachar lenha). 

Um abraço e pensem em fazer doutoramentos, é uma vida engraçada, (tirando os aeroportos)

PS: eu dei o crédito da frase ao livro porque foi lá que a encontrei mas na realidade é muito conhecida, é usada também nos alcoólicos anónimos e vem de uma oração católica que começou na América chamada Serenity Prayer, (que não vale a pena ler toda que descamba em "vive um dia de cada vez que Deus proporciona", mas a versão curta faz algum sentido).

domingo, 1 de setembro de 2013

É sem medo

Bons dias,

já não escrevo no blog há uns meses e, teoricamente, agora devia estar a tentar fazer alguma matemática mas em vez disso decidi vir para aqui escrever.
Gostava de escrever sobre Julho e Agosto, como foi andar de bicicleta na Holanda, beber uns copos de vinho por Portugal e ir às termas na Hungria. Mas não vai ser hoje... hoje queria só escrever sobre a minha última consulta no Royal Leamington Spa Rehabilitation Hospital.

Como bom aluno que sou, fui falar com o Miles antes de ir para Leamington e quando estava para sair, um professor que veio visitar o Miles fez a piada, "deves ser um dos melhores clientes da clínica". Não sei se ele estava a dizer, "estás no grupo dos mais inteligentes que lá vai" (o que é bem provável já que muitos nem conseguem falar) ou se sou dos que lá vai há mais tempo e mais vezes. Seja como for é um bocado verdade mas se eu aprendi alguma coisa nesta história toda é que nunca se tenta fugir dos hospitais... (fiz tudo para sair mais rápido do primeiro e depois fodi-me à grande quando estava em casa).

Fui um bocado mais cedo para poder comprar uma BD (Watchmen) caso me calhasse ficar muito tempo à espera da consulta... acabei por não a abrir. Embora tivesse de esperar meia hora, as terapeutas que me acompanharam na clínica durante meses ficaram todas contentes de passar essa meia hora a conversar comigo.
Da última vez que tinha conversado com algumas parecia-me que ainda me tratavam como um doente... sempre a típica conversa do "se correr mal não tem importância... já foi uma grande vitória estares assim". Na altura eu também tinha esse pensamento debaixo do metal por isso não me posso queixar muito mas desta vez, no fim de uns minutos a contar como me correu o ano e as férias, já faziam piadas e riam-se sem problemas, uma delas pediu-me para contar os novos boatos da minha vida e até achei que houve uma que estava para me convidar para sair. Parecia que desta vez, estar na clínica não ia ser assim tão mau.

Quando chegou à hora da consulta pensei que ia ser como nas outras... umas perguntas de rotina sobre a vida e depois uns testes aos movimentos, à memória e uns quantos de perspicácia. E acabou por ser assim, mas desta vez com um final diferente... 
Os testes correm optimamente, acho que já fiz tantas vezes o teste de dizer nomes de animais em inglês que agora já podia trabalhar no jardim zoológico, a pergunta de matemática era "quanto é 100-7?" e depois subtrair 7 a cada resultado que íamos obtendo. Estive quase para perguntar se havia algum truque na pergunta mas não... era mesmo essa a pergunta só que eles não sabem que eu aprendi a tabuada antes de aprender a falar senão não me perguntavam uma coisa dessas. O dos movimentos e visão também era um bocado fácil (eu estas férias até lenha rachei mas isso eu conto depois) e o teste de memória foi basicamente ouvir uma morada, 
    "John Marshall 
    24 Market Street 
    Spilsby
    Lincolnshire"
que eu tinha que dizer no fim da consulta. Eu avisei logo que me ia esquecer da palavra Spilsby porque nunca a tinha visto escrita e não significava nada na minha cabeça e assim foi. Mas tudo somado acabei por estar muito melhor do que ele esperava e já não havia nada que a clínica pudesse fazer por mim por isso aquela era a minha última consulta.

Depois leu o que a médica anterior escreveu quando fui a uma consulta em Janeiro. Basicamente escreveu que eu estava a abusar de mim... Não era suposto voltar tão cedo para um doutoramento e não devia ter decidido dar aulas. Queria que eu fizesse um teste mais extenso às minhas capacidades para que conseguissem encontrar cada problema que eu ainda tivesse (e tenho de admitir que ainda tinha bastantes) e pudéssemos trabalhar para os resolver e assim talvez viesse a correr tudo bem. 

Não cheguei a ir a essa consulta porque não vi a carta a tempo e tinha mudado número de telemóvel por isso não recebi a mensagem. O médico perguntou o que é que eu achava, ainda queria ir a essa consulta? Claro! Se ainda puder melhorar alguma coisa não vejo porque não. Ele disse que é noutro hospital mas ele ia falar com o médico... só que não acredita minimamente que eu precise da consulta por isso não vale a pena considerar que vá acontecer. A não ser que o outro médico esteja curioso para me ver, porque no fundo, sou um caso esquisito! Segundo as palavras dele, "quando chegaste à clínica e perguntaste quanto tempo achávamos que ias demorar a ficar bem para voltar ao doutoramento, nós sabíamos que essa pergunta não tinha resposta... nunca ias voltar! Afinal voltaste... Parabéns!"

Portanto relacionado com esta queda em específico já não volto à clínica e se tiver uma consulta vai ser só porque agora sou um rato de laboratório. Yeah! (E voltaram a dizer-me que querem escrever o artigo).

E pronto, é o final desta história! No fundo eu só fui ver como é que é para contar como é que foi. E como hei-de pôr as coisas agora... foi assustador, foi fodido, foi genial, foi exaltante, foi deprimente, foi triste, foi revoltante, foi... foi muita coisa. Tive que viver mais experiências em dois anos do que tinha vivido nos 24 até à hora do acidente e embora me tenha trazido a beleza e satisfação de apreciar bons momentos aos quais já não dava o merecido valor (e já imaginava ter perdido para sempre), também tive de lidar com o facto de, provavelmente, nunca conseguir cumprir os objectivos de vida que já tenho desde os meus 16 anos... 

Mas o tempo passa e às vezes, no fim de muitos meses sempre com o pensamento de que nem vale realmente a pena desejar nada da vida para não acabarmos desiludidos, tudo melhora. Ainda me vai ser difícil acabar o doutoramento num ano (que é o tempo que vou ter bolsa) mas se acabei o curso um ano mais cedo do que devia agora também vou conseguir acabar o doutoramento a tempo (mesmo tendo partido a cabeça pelo meio).

Eu sei que muitas vezes não consegui chegar perto da pessoa sempre confiante que era mas isso, mesmo tendo demorado imenso tempo, já passou. Agora vou aproveitar a tranquilidade que veio depois de todos aqueles "foi" e viver como sempre vivi... a esticar sempre as coisas ao máximo para ver até onde consigo chegar e acima de tudo, rir-me e divertir-me.

Para acabar só quero dizer que, estando esta história acabada, agora é preparar-me para a próxima aventura que a vida me traga! Pode ser algo muito bom ou pode ser outra história fodida mas venha o que vier sei que tenho família e amigos sempre ao meu lado e isso é o que me faz olhar para o futuro e dizer "é sem medo"!

Um grande obrigado a todos e vou ver se vou dormir, 
(ter "alta" do hospital foi motivo para celebrações)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Parece que foi o meu aniversário

Boas,

quero começar por pedir desculpa por já não escrever há algum tempo mas esta semana estive um bocado ocupado. Quero começar por agradecer as mensagens de Parabéns que me enviaram a semana passada e aos Silva que me fizeram um bolo,

26, a idade em que um matemático está ao seu máximo
Há que dizer que este dia me atrofiou imenso este ano. De novo em Inglaterra no meu aniversário que é também o dia que a minha cabeça festeja o aniversário de ter dado um beijo aos paralelos de Londres... muitas paranóias a passar-me pelo cérebro essa semana. Também não ajudou pensar que me estavam a chamar à clínica para ir falar com um psicólogo (daí o último post).

Afinal estava a ser um bocado idiota... os médicos só queriam fazer um check up, dei um grande avanço ao problema em que trabalhei ano e meio sem chegar a lado nenhum (do qual já tinha desistido), aceitaram a minha candidatura para ir a uma escola de três semanas em Itália e no fim de semana fui ao Download Festival ver, entre outros, Motörhead, Queens of the Stone Age e Iron Maiden com a Marcita e o namorado.

Fez-me bem. Avançar na matemática faz-me pensar que já estou muito melhor da cabeça do que alguma vez esperei, ir a Itália vai ser bom porque é sempre bem viajar e o professor que vai falar é mesmo muito bom e o festival foi genial porque vi uma velha amiga e montes de mamas (parece que é típico nos festivais de Metal as meninas às cavalitas do namorado meterem as mamas a abanar sempre que a câmara aponta para elas - Zé, se quiseres ter uma banda espero que seja de Metal).

Espero que para o ano a semana me corra igualmente bem. Um grande abraço e apreciem umas fotos do fim de semana,

como levar álcool para um festival numa garrafa de plástico fechada

bom festival, péssimo tempo

as personagens que o Metal atrai

mais personagens

o grande chapéu

acho que estavam a ver as mamas de uma gorda

o grande palco

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Whoosaa

Boas,

decidi ir ver se tinha correio novo porque mandei vir um livro de matemática e, embora o livro não tenha chegado, tinha uma carta da clínica onde estive aquele ano simpático a avisar-me que vou ter uma consulta lá. O nome do médico que aparece na carta é o nome do tipo que manda nas pessoas todas que trabalharam no meu caso e diz que vai ser ele ou alguém da equipa dele que me vai ver. O mais provável é ser uma consulta de psicologia que eles me tinham avisado que iam marcar já há uns bons meses.
Como nunca tive uma consulta de psicologia antes decidi ir à net ver o que acontece nestas consultas e, pelo que encontrei, espero que me calhe uma psicóloga boa e que tenha direito a uma consulta como a do Will Smith,


Eu depois digo como correu, por agora vou só treinar o meu "Whoosaa".
Um abraço,

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Jogos de tabuleiro

Boas,

Quarta à noite foi noite de jogos de tabuleiro no departamento de matemática aqui em Warwick. Eu digo no departamento mas só convidaram os alunos de doutoramento e professores (vieram dois).
Foi engraçado. Experimentei dois jogos novos, Kill Doctor Lucky e Power Grid, e posso dizer que Power Grid até é bastante divertido, o Doctor Lucky foi divertido 5 minutos e depois foi chato até acabar (e ainda demorou um bocado).
Foi interessante ver a quantidade de jogos que apareceu, eu não levava nenhum porque estão todos em Portugal mas fez-me parecer que é normal ter imensos jogos quando se é (ou a treinar para ser) matemático. De todos os que havia por lá, em casa temos o Carcassone (que é interessante), cartas Magic (que não sei bem porque é que alguém levaria esse jogo) e o Cluedo, todos os outros que temos não aparecerem. No entanto, provavelmente em todas as sessões de jogos pelo mundo fora, tinha que haver um Settlers of Catan que me faz sempre sorrir por lembrar de como foi a primeira vez que o joguei.

Tinha eu 16 anos, um dos chefes dos escuteiros tinha acabado de comprar o jogo e convidaram-nos para ir jogar. (Antes que perguntem, sim! Eu fui escuteiro quando era miúdo). Quem nos convidou não foi exactamente ele, foi a irmã mais nova, que também era escuteira e como estava com o David lá fomos os dois no final da actividade de aniversário do agrupamento.
Agora um conselho para todos os gajos de 16 anos do mundo que têm um irmão de 13: sempre que uma miúda vos convidar para ir fazer qualquer coisa com muita gente à mistura, levem o irmão. Passo a explicar porquê.
Quando acabamos a tarde de jogos, o meu irmão vira-se para mim e pergunta, 
"qual é que é o teu problema? Não viste que a irmã do chefe passou a tarde a fazer-te olhinhos?" 
"A sério? Tens que estar a gozar..." disse eu um bocado confuso. "Eu de qualquer modo queria era ganhar o jogo."
"hmm... bom para ti, eu tinha preferido ficar com a gaja em vez de ganhar o jogo mas... bom para ti."

Foi preciso ir o meu irmão mais novo avisar-me que tinha havido uma miúda a fazer-me olhinhos... Que verdadeiro Zé Bode que eu era na altura (agora sou muito melhor nestas coisas, o David ensinou-me). Por isso miúdos, façam um acordo com os vossos irmãos, se eles virem que uma miúda se está a pôr a jeito e vocês não repararem (porque querem ganhar um jogo ou qualquer coisa parecida) eles que vos mandem uma mensagem no telemóvel ou algo assim...

Um abraço e bons jogos,

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Porque é engraçado falar de Matemática

Bons dias,

Hoje venho só aqui deixar a minha opinião sobre os "problemas" que o novo programa de matemática está a levantar. É muito simples, se a APM (Associação de Professores de Matemática) diz “apresenta deficiências graves ao nível da sua estrutura e lógica global, ao nível pedagógico e didáctico e o nível dos conteúdos programáticos”, talvez tenham razão e o novo programa vai deixar toda a gente mal. Por outro lado a SPM (Sociedade Portuguesa de Matemática) diz, “será decisiva para que se atinja um patamar de exigência mais elevado, cujas consequências benéficas serão, a prazo, sentidas pelos níveis de ensino secundário e superior, e pela sociedade portuguesa em geral”. Em quem devo acreditar?

Eu estudo matemática portanto qualquer dia vou ser membro da SPM... Por outro lado não estudei para ser professor numa escola (principalmente porque no meu tempo de escola era tão terrível quanto conseguia e se virasse professor o karma vinha e fodia-me por trás à bruta) por isso a minha escolha é um bocado óbvia... De qualquer modo só uns pequenos apartes para ver se, olhando assim muito de fora e sem saber exactamente como é o novo programa, justificamos as lérias dos dois grupos.

Quanto aos professores há a regra básica para eles se virem queixar... O novo programa vai implicar que eles trabalhem um bocadinho (nem que seja só o trabalho de ler o novo programa). Lembro-me perfeitamente de ouvir a professora de física do 12º queixar-se que o programa de física (aprovado nesse ano) era demasiado difícil e que por isso não era boa ideia... Basicamente foi preparado pelos professores que treinam os alunos para ir à olimpíadas internacionais de física e assim matavam dois coelhos com uma cajadada só. Por um lado tinham um novo programa mais abrangente, que mostrava mais aos alunos que F=ma, mais ligado ao que se aprende nas escolas por esse mundo fora e por outro os miúdos que iam às olimpíadas internacionais começam um bocadinho mais preparados.
Agora parecem ser o mesmo tipo de queixas mas em vez de serem só os professores de física (11º e 12º ano) são os professores de matemática todos ao mesmo tempo!

Quanto à SPM, que o jornal dá a entender que só defende o Crato porque ele foi o presidente a dada altura, defendem o novo programa porque vai-lhes poupar imenso trabalho no futuro.
A grande parte dos membros da SPM são professores de matemática em universidades por esse país fora e, se forem estudantes universitários de alguma ciência/engenharia/economia, ou se forem pais de alunos universitários e lhes virem as notas, sabem que as cadeiras de matemática são as que dão mais problemas... Agora um matemático pode gostar de que dê tantos problemas, mais lugares para pôr matemáticos a trabalhar, mas como agora vivemos em crise, é melhor poupar nos matemáticos também e isso resolve-se facilmente! Faz-se com que os professores de matemática das escolas ensinem matemática mais a sério aos putos (que é exactamente o que querem fazer).

No fim desta brincadeira (que na realidade deve estar perto da verdade), tenho que dizer que nas escolas há professores bons (obrigado à professora Rufino por provar isto), há professores normais (onde estão os professores de português todos dos quais não me lembro do nome) e há professores péssimos. Não vale a pena dizer nomes mas há duas pessoas das quais não me vou esquecer.
Numa das situações, tinha eu os meus 15 anos, fiz uma pergunta à professora que não vinha no livro e a reacção da mulher foi responder "não sei, não me interessa e como não vem no livro não é importante!" Há que notar que, embora eu fosse um bocadinho esperto, não podia saber nada na altura que ela não conseguisse responder com um bocadinho de esforço mas a decisão dela nesse dia foi aquela que dá todo o aspecto de não querer puxar minimamente pela cabeça. (Nunca mais lhe perguntei o que quer que fosse nas aulas).
Como ela há milhares e é sempre bom um dia de greve para ver se são ouvidos, mas se o que se vão queixar engloba o novo programa de matemática então parece-me um bocado parvo...
Já protestar contra o aumento de carga horária até tem lógica, já havia tanto mau feitio com as 35 horas semanais com mais 5 vai ser difícil! (putos a apanharem chapadas da professora como aconteceu na turma do Zé... é preciso proteger os miúdos!)

Bem, acho que convenci toda a gente que o novo programa é uma boa ideia,
Abraço,

P.S. O segundo professor com quem tive uma história parecida foi já na universidade, por isso tenho que deixar a história por aqui que ele ainda pode ter que me dar emprego qualquer dia.

terça-feira, 4 de junho de 2013

"Eye of the Storm"

Em modos que venho aqui deixar mais uma curta metragem, bastante engraçada:


Já algum tempo que não encontrava uma música com um clip tão interessante.

domingo, 19 de maio de 2013

Quando eu for grande...

Quando eu for grande quero ser apreciador profissional de tetos! Não é assim tão estranho, afinal quem não gosta? Não vamos responder "os paneleiros" porque a mim não me enganam! Eles podem gostar muito de levar no pacote, mas isso não me faz acreditar que sempre que possam ponham os olhos nos tetos que vão encontrando! Demoramos nove meses a sair para o mundo e durante esse tempo já existimos debaixo de uns tetos que nos vão fascinar bastante tempo! E quando deixa de ser o teto da mãe, o homem começa a sua jornada para arranjar teto em outro lado! É uma necessidade básica do homem, um teto acolhedor que nos receba e ampare nos dias mais cinzentos, sem isso não somos nada! Como uma grade frase dizia "Ao lado de um grande homem, está um bom par de tetos!" E não se iludam porque é verdade!
E mulheres digam lá, tetos são tão importantes para vós como para nós homens! Para além do vosso papel ser bastante importante, na visão mais romântica da coisa, um teto sem a mulher para o sustentar, não é a mesma coisa... Talvez igualmente divertido, mas não é a mesma coisa. Nós homens precisamos de vós mulheres para a sua manutenção! Um teto sem mulher não tem governo...
E admitam que se virem um ex namorado vosso com outra, não julgam logo a moça pelos tetos? Algo do género: "Eu cuido muito melhor dos tetos..."
Mas pronto, eu gostava de passar o resto da minha pequena vida a olhar para o teto, é algo bastante agradável, só é pena ser mal interpretado sempre que o digo, acordo ortográfico faz com que eu pareça um pervertido por seios, apenas gosto de não fazer nenhum e olhar para o "tecto"... mas se me aparecer têtos à frente são sempre bem vindos à vista!!

Este texto segue o acordo ortográfico, os próximos talvez já não o façam!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Coimbra

Bom dia,


Amanhã é dia de ir para Portugal e vocês dizem, "que filho simpático que vai visitar a mãe no dia da mãe". Claro que sou um filho simpático, mas tenho imenso trabalho agora e quase não devia ir por isso para não habituar mal a minha mãe vou passar a maior parte do tempo em Coimbra. 

É que Coimbra é um sítio fascinante. Ver velhos amigos (porque mesmo estando a a trabalhar fora do país vão lá todos na Queima), lembrar velhas guerras e beber uns copos com eles (para não pensar tanto nas mil coisas que temos para fazer)... Vai ser bom, e ainda por cima há o dia da mãe e como me explicou um amigo meu, "na queima das fitas pode-se fazer muita mãe" (by José Pereira).
Quando ele me disse isso tive logo que ir ao YouTube procurar pelas palavras "Queima Coimbra Sexo" cujo primeiro resultado é o seguinte vídeo:


Muitos podem-se perguntar porque raio um gajo gosta tanto de Coimbra, mas novamente, como diz um amigo meu,

"Vem aí a melhor festa do Mundo!!
Um estado de Alma que só quem por lá passou sabe!!
Aquela semana de Maio com as brisas do Mondego existe uma magia inexplicável!!
Todos os que a podem viver,aproveitem... mas toda a alegria que vão ter vai se transformar no dobro da saudade daqui uns anos!!" (by Carlos Daniel)

Não vai ser tão bom como quando tínhamos a idade de andar lá, mas como ele diz, as saudades são muitas e obrigam-nos a voltar. Por isso vá, a toda a gente que ainda continua a luta contra os departamentos só posso dizer "mais uns dias e vamos beber uns copos" e às pessoas que vão só visitar, tal como eu, "encontra-mo-nos no sítio do costume" (Ay-Ó-Linda!).

Um abraço e força nisso se quiserem aumentar o número de mães em Portugal, (se estiverem só treinar não se esqueçam do saquinho)

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Então e as árvores?

Bom dia,

no outro dia um amigo meu disse que eu era muito calado normalmente, mas quando bebo uns copos só começo a dizer merda... Eu achei estranho, que merdas é que eu digo quando bebo? Então ele contou uma das últimas coisas que me deu para perguntar quando estava com os copos. Cá vai o discurso:

" - Porque é que não se enterram as árvores quando morrem mas enterram-se os homens e os animais?
- Porque os animais mortos cheiram mal.
- Mas se calhar não cheiram mal para as plantas mas as plantas cheiram mal para elas próprias.
- Então as plantas que as enterrem.
... (agora um tempo a pensar) ...
- Mas se as árvores cheirarem mal no fim de morrerem para as outras plantas, estás a fazê-las sofrer sabendo que elas não se podem mexer. É quase como gozar com um paraplégico... E o Terra pode ter feito com que nós evoluíssemos até este ponto só para conseguirmos enterrar as plantas. Aposto que até à Terra já começava a irritar o cheiro...
- Agora estás só a ser idiota.
... (mais um bocado a pensar) ...
- OK. Mas achas que quando morre uma árvore no Senhor dos Anéis, daquelas que falam e andam, é enterrada ou deixam-na a apodrecer?"

Aqui é quando as opiniões diferem um bocado. O que é que acham?
Por causa desta conversa à dias atrás, ontem decidi fazer as mesmas perguntas a uns tipos de geometria algébrica. Acho que só provou que não é um problema meu, o de dizer merda bêbado, é um problema de pessoas de matemática em geral.
De qualquer modo, segundo a opinião geral, de certeza que não as queimam (óbvio) e se fazem alguma coisa deve ser só enterra-las no meio da floresta (provavelmente pelo Gandalf).
Esta conversa só veio mostrar que a minha ideia de ser enterrado no quintal não é assim tão descabida e foi o que eu lhes disse na altura. Claro que eles também diziam que isso era mau porque a minha família podia querer vender a casa e depois os novos donos achavam um esqueleto no jardim. Mas quê... qualquer dia os cemitérios vão estar super cheios e se não quiserem ser cremados, ou vais para o quintal ou vão começar a fazer cemitérios nas rotundas (a Vieira vai ser o primeiro sítio - já começaram com  casas).

Vá, já chega de falar de cemitérios. Cá vai uma palermice para descontrair:



Um abraço e preocupem-se com as árvores,

sábado, 27 de abril de 2013

O melhor cemitério de sempre

Bons dias,

Ontem foi dia de bezerro (calf em inglês) que é o mesmo que o COW, um seminário de geometria algébrica que começou em Cambridge - Oxford - Warwick (daí o nome), mas para os putos (daí o nome ser Calf).
Desta vez foi em Oxford e como começava às duas, chegamos mais ao menos ao meio dia. Fomos lá a uma loja comprar umas sandes e procurar um sítio simpático para almoçar.
O sítio foi este:

Sim, é um cemitério

Os lugares VIP

Amigos de Warwick no fim do almoço

Basicamente é um cemitério em frente ao departamento de Matemática. Onde há pessoas a almoçar... em cima das campas às vezes. E pessoas com o seu cigarro de fim de almoço também sentadas nas campas. Fascinante!
Quando morrer não me importava de ficar enterrado no quintal de casa e que as pessoas fizessem lá piqueniques com a campa a servir de mesa.

Um abraço,
Eduardo

PS: da próxima vez que alguém me vier visitar a Inglaterra já não vou ver Londres pela milésima vez, vamos beber uma garrafa de vinho para este cemitério. 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Quarto Escuro

Bom dia,

Não sei bem porquê mas hoje deu-me para pensar nos tempos em que não tínhamos grandes preocupações na vida... Nos tempos em que bastava ir a escola, não fazer nenhum o dia todo, ver desenhos animados em casa, ir brincar aos médicos nos escuteiros... Nada de jeito em geral mas na altura era bastante interessante.
Isto fez-me pensar em vários momentos da minha juventude. Lembram-se de ser putos e começarem a ir a festas de anos das vossas amigas?
No primeiro que fui, ainda com 12 anos, fui o único gajo a ir. Levei as flores, que é o prémio de ser filho da florista, e passado um bocado as gajas decidiram que me deviam tirar a roupa... Se fosse hoje, sendo o único homem no meio de quinze tipas a tentarem ver-me sem roupa acho que tinha sido o primeiro a despir-me... mas não, andei para ali a rir-me e a correr a volta da mesa para elas não terem sucesso... Triste... Deviam tentar agora!
No fim de uma festa destas e depois de um gajo começar a descobrir sites com mulheres com as mamas de fora ficou óbvio que tinham de acontecer mais coisas nas festas de anos. A segunda ou terceira festa a que fui aconteceu o típico jogo, quarto escuro (que para quem não sabe é algo como o "7 minutes in heaven" americano mas mais javardo ainda). Como éramos todos pequenos basicamente só serviu para aprender o que significa "blue balls" e talvez por isso que deixámos de jogar passado pouco tempo. Se eu me tivesse lembrado disto quando andava na universidade e o Domingos convidava 15 espanholas para ir jantar a nossa casa podia-mos ter jogado de novo... Quem ainda anda na universidade pense nisto, parece-me um bom final de noite!
De qualquer modo, foi engraçado lembrar-me desses tempos e pode ser que vos inspire...

Um abraço,

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Congresso da Sopa

Bom dia,

aqui vai uma história da minha "juventude" que sempre achei genial.

Em Maio de 2006, como é normal, havia uma Queima das fitas onde qualquer estudante, obrigatoriamente, tem de ir. Nesse ano e no primeiro sábado a minha namorada decidiu que eu tinha de ir à terra onde ela estudava, Tomar, para ir à bênção das pastas. Não é que eu seja muito religioso e a ideia de deixar de ir à queima só para ir a uma missa não me estava a deixar muito contente... mas vá, era só um dia e se houve coisa que os meus pais sempre me ensinaram é que é preciso respeitar as convicções das pessoas em geral (e ela era minha namorada podia sempre ter uma prenda por isso). Para não ser tão chato convenci o João Nuno a fazer-me companhia.

Saímos a noite toda, tentamos dormir uma hora das deis às sete, trajamos e fomos apanhar o comboio. Aqui é quando a história começa a ficar interessante. Para ir de Coimbra para Tomar é preciso trocar de linha na Lamarosa (nomes sempre geniais) que é um sítio basicamente no meio do nada. O comboio atrasou um pouco, (se calhar eram as pessoas da CP de Coimbra que estavam meio bêbadas da Queima ou já estavam a fazer greves) e quando íamos para trocar, o comboio já tinha saído e o próximo era só duas horas depois... O que nos valeu é que com a ajuda do álcool da noite anterior tivemos grande ideia. "Vamos à boleia".

Perguntamos a uma senhora para que lado era Tomar e lá fomos. O primeiro carro que pára pergunta para onde queríamos ir, nós ficamos logo todos contentes mas afinal ele só ia para o café no fim da rua... Como disse, Lamarosa é no meio do nada e a coisa já estava a ficar um pouco assustadora. Passado um bom bocado lá parou uma senhora super simpática que nos perguntou, "vocês são tolos e estão a pensar ir a pé para Coimbra?". Era só até Tomar lá explicamos e ela deu-nos boleia. Conseguimos chegar vivos e não violados a Tomar.

Em Tomar fomos até casa da namorada e, por surpresa do destino, ela não tinha tudo pronto para a missa. Ainda precisava de cozer fitas na pasta e símbolos na capa o que fazia com que ela não tivesse tempo para nos cozinhar almoço ou sequer ir almoçar connosco a qualquer lado. Sugeriu então que fossemos até à "festa das sopas" a que ela nunca tinha ido mas podia ser que fosse divertido. E foi!

Primeiro éramos um sucesso porque mesmo o Congresso da Sopa sendo em Tomar, que tem universidade, os estudantes de lá não vão. Muita gente vinha perguntar o que estudávamos na universidade lá e quando lhes dizíamos que não éramos de Tomar ficavam a dar-nos imenso paleio durante imenso tempo. Os melhores foram os dois homens, já com uma certa idade, que tinham estudado em Coimbra entre '65 e '69. 

Mil histórias que ouvimos nesse dia sendo provavelmente as melhores (e as que ainda me lembro): 
1) o homem que roubava galinhas (216 segundo as contas dele), ensinou-nos o truque para roubar galinhas quando estão a dormir e contou a história de quando a polícia foi a casa dele por causa disso e ele depois de dizer que devia ser outra pessoa convenceu os polícias a jantarem em casa dele... o jantar era galinha.
2) o homem que roubou um eléctrico porque o condutor parou para ir a um café e ele lembrou-se de experimentar de seria fácil conduzir um.
Foi genial conhecer os senhores e fez-me sentir que por muita asneira que tenha feito em Coimbra estive muito longe deste nível.

Só um pormenor agora, quando se vai ao Congresso da Sopa pagava-se 8€ e tínhamos direito a uma taça e um copo para encher quantas vezes quisermos com Sopa e vinho. Como nós não bebemos assim tanto por estarmos ocupados a ouvir as mil histórias no fim decidimos comprar um garrafão de 5 litros para levar. Isto levou a alguns acontecimentos fascinantes.
Primeiro tiraram-nos uma foto que apareceu num jornal de Tomar com o título "Estudantes de Tomar trocam Cerveja por Vinho". Foi pena não terem percebido que éramos de Coimbra mas foi muito bom. Mais tarde e já durante a missa, que era ao ar livre, veio um senhor perguntar se o garrafão era de vinho (claro que era) e se podia provar um copo... até é compreensível com o calor que estava. 
No fim da missa tinha de ver os pais da namorada e com aquele vinho todo em cima decidi que era melhor escondermos o garrafão num jardim para não dar tanto nas vistas. A ideia era depois ir buscar  mas nunca mais o encontrámos! Espero que alguém o tenha achado (o jardineiro ou o filho) e aproveitado o resto ou então há um garrafão de vinagre algures em Tomar agora.

Bem, no fim deste dia genial aprendemos que, se não à bênção das pastas, ir ao Congresso das Sopas vale mesmo a pena. Voltámos umas quantas vezes, (da última éramos umas 8 pessoas e fomos entrevistados para a rádio) este ano não sei se vou estar em Portugal na altura por isso não posso dizer que vou mas fica aqui a história para quem quiser fazer algo mesmo fascinante nesta Queima (Sábado dia 4).

Boas sopas e bom vinho para quem decidir ir,
Um abraço,

quarta-feira, 27 de março de 2013

Procura-se!

Bons dias,

finalmente acabei de corrigir os trabalhos que trouxe para Portugal. Como tentativa de professor que sou, acabei quase uma semana atrasado... mas eu consigo melhorar este tempo, na próxima cadeira vou demorar as duas semanas que é o mais normal.
Desta vez só me apressei um pouco porque já estava farto de olhar para eles e queria descontrair enquanto estou em Portugal... Hoje era o dia que o ia fazer! Sentar-me durante a tarde a ver um filme idiota com os meus irmãos a beber umas cervejas. Só tínhamos que escolher o filme.
O Zé vê qualquer porcaria por isso não era muito importante preocupar-me com ele... o David era a única pessoa a quem tinha de perguntar. Quando vou para lhe perguntar a minha mãe diz-me que ele fugiu uns dias de casa...
Claro que perguntei para onde ele tinha ido mas a minha mãe não sabia porque o David foi visitar uma amiga de quem não quer falar ainda... Mesmo ele não querendo falar, a minha mãe vai sempre tentar descobrir e esta é a primeira tentativa:

Cts são cêntimos, não são ECTS. Para isso façam exames que já estamos quase na época.
Um abraço e até qualquer dia irmão,

terça-feira, 26 de março de 2013

Última Ceia Gastronómica

Bons dias,

hoje senti-me um bocado burro quando reparei que o dia da Última Ceia é a uma quinta feira. Não é que faça muita diferença a que dia é que é, mas nós organizámos quintas feiras gastronómicas durante meses e começa a parecer-me que por muito mais que digamos que não, no subconsciente, a religião ainda acaba a fazer alguma pressão.
Talvez fosse isso que fazíamos todas as quintas, uma homenagem a Cristo bebendo copos e dançado no NL. Para continuarmos as grandes tradições, temos de organizar um jantar desses esta quinta também! E pensando bem, que a memória às vezes falha-me um bocado, (por causa da queda e principalmente das, muito ocasionais, bubadeiras nestes dias) lembro-me de grandes jantares destes... O Zé a fazer a "oração" com um ovo de chocolate cheio de whisky para partilhar o "sangue", eu a partir um coelho de chocolate para partilhar o "corpo" e amigos meus a visitarem a Bajouca, que devia ser um fim do mundo, acabarem a dizer "a festa aqui é demasiado grande para mim".

Infelizmente esta quinta não posso, por isso fica Sexta! 
Claro que sendo Sexta-feira Santa muita gente não vai querer comer carne mas também pode haver gente alérgica a peixe. A solução é fazer grelhados em geral e quem não quiser avisa que nós compramos umas sardinhas (mas depois têm de se orientar com a bubadeira que peixe+CRF traz sempre).
Só para acabar cá vai uma foto daquelas que as pessoas fxs metem no Facebook mas nós como somos menos metemos só aqui:

A oração antes de ir para a cama
PS: não tens que agradecer pela foto David.
Um abraço e até sexta

domingo, 10 de março de 2013

Grandes visitas

Bons dias,

como tinha dito da última vez que escrevi, o João Nuno veio cá visitar e eu ia crava-lo para me corrigir alguns dos trabalhos que ainda tinha para corrigir essa semana. A resposta dele foi que se lhe desse uns copos de vinho ele tratava de uns quantos. Fiquei logo todo contente e para que nada lhe faltasse fui comprar um monte de vinho... 
Mas o corpo acho que já não é tão forte como antigamente e no fim de chegarmos a metade do vinho que comprei, o João passou o domingo de cama todo ressacado... Já não tive direito à ajuda com os trabalhos de casa mas tive direito às bubadeiras de antigamente... foi grande! E ver o João Nuno sem ser num daqueles dias a meio das férias de Natal com mil pessoas com quem falar ao mesmo tempo é sempre simpático... afinal vivemos três anos excelentes na mesma casa!

No meio da conversa toda contei ao João que tenho um aluno português que só decidiu ir falar comigo no fim da aula porque eu estava a usar uma camisola da Associação Académica de Coimbra (que a Diana me vendeu e quando tiveres mais não me importo de comprar outra). Semanas depois de o ter conhecido ele veio-me dizer que quer escolher para que universidade em Portugal vai fazer o mestrado e como não podia deixar de ser "vai para Coimbra" foi a minha resposta.

Claro que não fui dizer isso só assim. Comecei com o "depende de que área queres estudar. Como já estudaste algum tempo deves saber em que área estás melhor, vê onde estão os melhores professores dessa área e vai para lá." Claro que depois disto tinha que acrescentar o "mas lembra-te que só há 4 universidades decentes de matemática em Portugal, Lisboa, Técnico, Porto e Coimbra e das três cidades Coimbra é claramente a melhor... (agora que ainda és novo)"
A resposta dele foi um pouco Zé Bode. "Ah e tal não sei quem é que são os professores melhores mas já estive a ver alguns dos mestrados. De Coimbra não gostei nada porque eles dão menos créditos pelas cadeiras. (???) Gostei bastante de Évora! (WTF)"

Pronto... Fiquei sem saber bem o que lhe devia dizer. É que ainda por cima ele quer fazer teoria dos números. "Assim de uma forma mais algébrica ou analítica?" "-Nenhuma... só gosto de teoria de números não gosto nem de álgebra nem de análise..." OK. Boa sorte então. Eu fui contar isto ao João porque estava a fazer-me um bocado de confusão e pelo meio comecei a pensar, porque fui para Coimbra e não para o Técnico?
Foi para lá que muitos amigos do secundário foram e durante muito tempo eu estava decidido que ia para lá. Porque mudei de ideias? O João Nuno veio-me lembrar.

Primeiro havia o Delfos. Os professores perdiam imenso tempo a mostrar-nos matemática que era sempre muito mais interessante do que o que se aprende nas escolas. Mas para irmos lá não fazemos contracto com a Universidade e também cheguei a ir a uma escola de Verão no Técnico. Claro que no dia em que cheguei ao Técnico uma árvore à porta do departamento de matemática decidiu largar-me um fruto na cabeça e eu pensei que se calhar era o Técnico a dizer-me que não me queria lá... acho que influenciou um bocadinho também. Mas a decisão final acabou mesmo por vir do Delfos, não das aulas de matemática, mas das noites em Coimbra. Numa dessas noites em Coimbra (eu e o João Nuno que éramos sempre os que sobravam até mais tarde) chegámos a um grande pensamento.

Se formos viver para Lisboa provavelmente morremos atropelados (daquela idade e a experimentar copos pelas primeiras vezes podia mesmo acontecer) por outro lado se formos para Coimbra podemos morrer de coma alcoólico (exactamente pelas mesmas razões). Entre um e outro não é preciso pensar muito para decidir qual escolher... 

Agora vou ver se vou contar isto ao rapaz para ver se lhe passo algum juízo e a ver se da próxima vez que for a Portugal vou visitar Coimbra.

Um abraço,

PS: Pensar em Coimbra faz-me sentir que devia ter sido menos passado da cabeça e ter demorado mais um ou dois anos para acabar o curso... como nos diz a Amália Rodrigues:

"Coimbra é uma lição
de sonho e tradição
o lente é uma canção
e a Lua a faculdade
o livro é uma mulher
só passa quem souber
e aprende-se a dizer saudade"


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

"Grading is degrading"

Bons dias,

este novo semestre tem sido um bocado agressivo (e por isso é que tenho escrito menos). Passei de andar por aqui a estudar muito de vez em quando e ir tendo umas conversas com o Miles sobre matemática a um horário algo como:

Segundas, Terças e Sextas uma aula do Miles  sobre Geometria Algébrica para pessoas a fazer o doutoramento.
Segundas duas horas sobre construção de ideias Gorenstein de codimensão quatro.
Terças e Quintas uma hora de supervisão a cinco putos do primeiro ano.
Terças e Quintas também, um seminário entre os doutorandos de Geometria Algébrica sobre um artigo ou livro que achemos interessante (agora tem sido sobre Riemann-Roch por Borel e Serre).
Segunda dou uma hora de aula prática sobre Anéis e Módulos a putos do terceiro ano.
(e claro que pelo meio devo escrever uma tese de Doutoramento)

Pela primeira vez em anos fico com a sensação que agora estou a trabalhar mais a sério no Doutoramento, o que até vai um pouco contra o que eu pensava... porque digamos a verdade, sempre disse (desde pequeno) que havia de arranjar um trabalho que não me desse mais esforço do que levantar uma caneta. Mas agora levanto tanto a caneta que até isso me começa a custar. Isto dito assim até pode levar a pensarem que eu estou a fazer um trocadilho manhoso mas não... a outra caneta até gosto de levantar mas não consigo fazer dinheiro à conta disso...

Bacoradas à parte, está a ser um semestre excelente. Há uns anos tinha tentado dar aulas e foi horrível... Os putos iam às aulas práticas e limitavam-se a copiar o que escrevia no quadro sem nunca fazer uma única pergunta ou o mínimo esforço para tentar trabalhar nos problemas... Era muito chato e na altura eu dizia que nunca mais voltava a dar aulas até ser mesmo obrigado. E foi o que aconteceu agora...
Passaram quase dois anos desde essas aulas espectaculares e não sei se é por os miúdos serem um ano mais velhos, se é porque eu parti a cabeça e sou mais Zé Bode a dar as aulas agora ou se é porque Anéis e Módulos é um tema muito interessante... Seja como for, agora até acho engraçado... Preparo as aulas muito menos do que preparava antes, vou para lá resolver os problemas com eles, o que às vezes não funciona assim tão bem mas mesmo eles acho que estão a gostar do sistema (hoje tinha o dobro dos alunos do que tenho normalmente). Dito isto, dar aulas até é bom... mas "Grading is degrading" (by João Nuno).

Normalmente vão aí umas 7 pessoas às aulas e eu até me dava bem com eles (são simpáticos e esforçam-se um bocadinho)... Mas de repente descobri que não são 7 trabalhos que tenho de corrigir. Pelos vistos há muitas pessoas que não vão às aulas (acho que a Clementino se está a rir) e quando digo muitas pessoas é algo tipo 50! Recebi os trabalhos há umas semanas (que eu tenho que corrigir sozinho) e em vez dos 7 ou 8 que eu estava à espera... aparecem 50! Fdx! Já não quero dar mais aulas de novo... até ao dia que tenha um escravo de doutoramento que corrija aquela tralha toda por mim...

Se tiverem tempo livre e até à Páscoa me quiserem vir visitar estejam à vontade... Mil trabalhos para partilhar (por falar nisso acho que o João Nuno vem cá este fim de semana visitar está fodido... não lhe digam nada)

Um abraço e até depois (tenho de ir corrigir merdas),

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Drummers do it better

Caros Leitores, O meu nome é Zé e sou o terceiro da linhagem Dias. Recentemente recebi uma guitarra como prenda, mas não é sobre isso que quero conversar com o mundo, o que eu quero realmente partilhar é os meus dotes de percursionista. Para quem não sabe um percursionista é aquele que faz barulho com uma baqueta em cada mão, para os mais entendidos por vezes duas, mas eu ainda não tenho tanta perícia. Como percursionista que sou também toco tambor com as mãos, e este tipo é a minha maior influência musical:


Procura-se voluntárias que queiram contribuir para o sucesso da minha carreira musical.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Sobre a Igreja

Bons dias,

tinha escrito um comentário gigante que provavelmente iria fazer com que toda a gente da Bajouca olhasse para mim de lado. Decidi apagar tudo e deixar só um video (que vale bastante a pena ver):


Como é dito a meio, se a religião católica ainda seguisse as ideias com que Jesus (hipoteticamente) a fundou, então nunca ninguém se poderia queixar. Mas hoje em dia já vivemos em tempos diferentes, já não se defende a religião até à morte... agora é só até à reforma ou até as dores de costas chegarem.

Um abraço (e espero não vos ter incomodado demais),

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Criancinhas fazem mal à saúde...

E devido a problemas de saúde o papa resigna-se. A minha teoria é que ele vai de férias para a Holanda e aproveita para salvar as pobres almas das prostitutas enquanto fuma umas cenas só para retiro espiritual. Eu sabia que o padre brasileiro iria inspirar muitos colegas de trabalho ao espalhar seu sémen sagrado.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Há um ano.

Há um ano, por esta altura estava eu em estado de choque. O meu irmão tinha sido então operado no dia anterior e ainda não havia notícias do sucesso desta operação. O hospital era uma porcaria de uma desorganização que já me estava a fazer confusão e a tirar-me do sério. Contudo, há um ano, hoje era o dia a seguir à grande operação do meu irmão. Era um dia tenso e agora que me lembro rio-me disto tudo. A primeira coisa que ele me disse foi "Quando acordei ainda estava todo aluado da operação, tentei pedir um livro e não me saia nada". E isto deixou-me em estado de choque. A sério.
Mas para perceberem esta história toda tenho que recuar mais um pouco, há um ano e umas semanas recebi uma mensagem electrónica, mais conhecida por «e-mail», escrito pela terapeuta da fala do meu irmão a explicar que a recuperação de o meu irmão estava a ser um processo muito lento e colocar os nossos pés no chão explicando que era muito improvável o Eduardo recuperar os movimentos do lado direito do corpo e o provável era que ele não recuperasse a fala, pelo menos não a um nível normal e ia demorar.
Após isto deram-me a notícia que ele ia ser operado e levar uma placa, na viagem a Inglaterra assisti a um par de sessões do meu irmão, a mais chocante foi mesmo a terapia da fala, onde assisti ao meu irmão a não conseguir dizer varias palavras, tanto em português ou inglês. Porque uma coisa é ter a noção das coisas mas assistir era só cruel e as palavras da terapeuta da fala tornavam-se reais e a esperança extinguia-se. 
Ano passado, tanto a ceia de Natal como o meu aniversário foram passados longe dos pais e irmão mais novo mas recebi a melhor prenda de todas, o meu irmão acordar anestesiado de uma operação e começar a falar. Há quem tenha noção de estilo, e diga coisas úteis para a memória ter muito mais impacto, mas não sejamos exigentes, para quem no dia anterior não era capaz de dizer pente, "Quando acordei ainda estava todo aluado da operação, tentei pedir um livro e não me saia nada" foi bastante bom.
Este ano apercebi-me que esta história é só agora uma história atribulada que não fez sentido do início ao fim, mas ao ler a mensagem de parabéns do meu irmão fico feliz por ver a recuperação.

Entretanto lucrei um bilhete para um dos melhores festivais da Europa, o que é fixe e uma grande prenda de aniversário. Obrigado velhadas!

Para além disso há um ano a minha mãe não tinha facebook, hoje já não digo a mesma coisa. Mãe: não tens idade nem te falta juízo para te meteres no facebook, mas se me deixares comer vaca(s) durante a quaresma, eu torno-me teu amigo!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Parabéns Zé Bode

Bons dias,

primeiro que tudo, Parabéns David!
Faz hoje 23 anos estava a minha mãe aos berros para pôr um puto fora! Esse puto deve ter sido trocado por outro na maternidade que o que calhou à família não tens o cabelo nem os olhos da cor certa.
Trocado ou não, têm sido 23 anos muito porreiros!

Há uns anos tinha decidido oferecer-lhe bilhetes para ir ver o Foo Fighters e Iggy Pop. A dada altura decidi dar umas férias ao cérebro durante uns tempos e não pude ir ao concerto. Como eu não ia o David também não teve vontade de ir para ir tentar convencer o meu cérebro a não tirar férias muito tempo.
Pela altura do aniversário dele decidi que era tempo que o meu cérebro voltasse e fui acorda-lo numa mesa de operações. Há conta disso o David não teve direito a festejar o aniversário em condições porque foi lá dizer aos médicos que eu queria e merecia ser operado. Eles não acreditavam em mim porque se o cérebro estava há tanto tempo de férias já não tinha direito a tomar decisões só por si.

Tudo somado acho que não dei um grande ano ao David... Mas agora estou melhor, e parvo como sempre fui, e achei que era bem dar uma compensação ao meu querido irmão por causa desta história toda. Isto foi o que achei que era uma boa ideia:


Vai ser genial. Uma semana a acampar na Hungria num dos maiores festivais de Rock da Europa. Se alguém decidir aparecer por lá digam qualquer coisa na altura, 5 a 12 de Agosto.
Quem está por Portugal agora, a ver se vão sair com o puto hoje! Ele merece.

Um abraço e como dizem na música do fim,

"So what we get drunk?
So what we smoke weed?
We’re just having fun
We don’t care who sees
So what we go out?
That’s how it's supposed to be
Living young and wild and free"

sábado, 2 de fevereiro de 2013

.|. para toda a gente

Bons dias,

no outro dia decidi mudar de telemóvel aqui em Inglaterra. Como aprendi há algum tempo, uma das coisas básicas que todos os telemóveis têm que quer é a capacidade de escrever o símbolo "|". Normalmente todos dão mas havia um Huawei que não e agora é uma coisa que verifico sempre...
E vocês perguntam: "Porque é que precisas de um símbolo que é um pau direito?" A minha reposta é simples, dá muito jeito quando queremos representar um pirete (ou manguito) numa mensagem de telemóvel  .|.
Isto fez-me pensar um pouco mais em manguitos (comentário esquisito mas eu já explico). O meu telemóvel tem 27 smiles que na realidade nem são todos caras amarelas a rir... Também tem desenhos de corações, lábios, dinheiro e caveiras (muito importantes quando se está a falar de uma relação longa). E claro que as caras também só são amarelas às vezes. Para dar a impressão de que se está com diarreia também há verdes. Vermelhas para chateadas e azuis para tristes... Também há uns roxos mas não percebo bem para que é que servem (se uma miúda ler isto e, como é sempre, perceber mais das emoções das pessoas ou das cores do mundo em geral diga-me o que quer simbolizar uma cara roxa).
Esta história dos símbolos é só para dar a entender que temos muitos símbolos para muitas coisas lá guardados. O símbolo que nos falta é um pirete. E é um símbolo muito importante nas comunicações por telemóvel...
Quantas vezes não estiveram em situações em que a forma mais fácil de explicar o que queremos dizer numa conversa é simplesmente mostrar o dedo. Em conversas por mensagem provavelmente já estiveram em situações parecidas e no Facebook ainda pior... Por isso, espero ter-vos convencido, para as imensas vezes que o pirete é preciso numa mensagem era bom ter um desenho que o representasse... Amarelo para manter a tradição (ou então roxo se houver uma razão boa para isso).
Acho que a única maneira de isto acontecer é começar-mos a usar mais vezes o símbolo .|. E ainda por cima há o pormenor dos Ingleses não fazerem manguitos como nós mas levantarem o indicador para além do dedo médio (relacionado com cortar os dois dedos aos arqueiros na guerra). Por isso se eles usarem o ||. deles mais vezes que nós o nosso .|. ainda vão ser assim os desenhos que um dia vão começar a existir.

Vá vão fazer .|. a toda a gente a ver se o símbolo aparece,
.|. e um abraço,

PS: decidi pesquisar imagens com a frase "piretes e manguitos" no google e esta foi a melhor que apareceu,