terça-feira, 8 de julho de 2014

Coreia

Bom dia, boa tarde ou boa noite, (dependendo do fuso horário)

como muitos devem saber, vim passar um mês e pouco à Coreia e queria partilhar alguns dos momentos mais interessantes desta primeira semana,

Há dias atrás aprendi que é uma f**a comer massas que vêm no meio de uma espécie de sopa com colher e pauzinhos... É impossível! Não dá para enrolar massas nos paus, como se faz com um garfo, e não dá para as apanhar com a colher... como raio se come aquilo? O meu orientador olhou para mim, riu-se e explicou, 

"Eduardo, pára de seguir a tua educação ocidental! Encosta a boca ao prato, apanha um bocadinho de massa com a colher e chupas isso... mesmo que faça imenso barulho! Provavelmente aprendeste em Portugal que isso não é boa etiqueta mas aqui tem de ser."

Foi o que tentei fazer, mas é difícil estar num restaurante com montes de gente a fazer isso até porque há sempre alguns estrangeiros com o mesmo problema e mesmo assim sem ajavardar... Devia ter aprendido com a minha mãe e as minhas tias que às vezes, depois de uns copos de vinho, também usam uma técnica parecida para comer a sopa.
De qualquer modo, é a segunda vez que estou na Coreia e provavelmente já tinha aprendido estas coisas mas já foi há quatro anos atrás e a idade faz esquecer estas coisas... e agora dizem, "estás-te a queixar que és velho queres ver!"
Sim, de facto estou. Porque uma coisa de que me lembro da última visita foi que três dias depois de chegar o meu sono já estava bem com a mudança. Desta vez é surreal! A não ser num dia em que me fui deitar a essa hora, não houve noite nenhuma que lá para as cinco da manhã não estivesse já acordado sem conseguir dormir de novo (tendo-me deitado sempre depois da meia noite). Que raio se passa desta vez? Perguntei ao meu orientador se isto lhe acontece a ele e a resposta foi,

"A mim? Claro. Isso acontece sempre aos velhos!" a minha conclusão é que estou a ficar velho também... mas ele ainda acrescentou, "daqui a umas semanas vamos a uma conferência e aí já vai haver muitas horas onde te vai apetecer e podes mesmo fazer uma sesta". Há que seguir os conselhos do orientador!

Mas a questão óbvia agora, que faço quando acordo a essa hora? Ainda demasiado sonolento para trabalhar e nenhum sítio para ir beber um café e acordar... Ainda pensei em ir correr (até trouxe sapatilhas para isso), mas estão mais de 20 graus (mesmo a essa hora, é verdade) e está tão húmido que assim que saímos à rua ficamos logo pegajosos por isso ir correr está fora de hipótese. Então faço o que tenho feito nos últimos meses (o que explica porque não tenho escrito no blog), pego na guitarra e ponho-me a arranhar naquilo... A música em que peguei à dias atrás foi uma que, por uma questão de respeito e agradecimento, vou ter que qprender a tocar (e de certeza que quando chegar a Portugal já toco, não é assim tão complicada),


Quando os Filhos da Fruta derem o primeiro concerto vamos começar com esta.
Que mais? Bem, o meu orientador lembrou-se de uma frase surreal que, como custumo fazer, tive que anotar no telemóvel,

"As meninas gostam de chocolate e os meninos gostam de meninas!"

Procurei na net e a frase é mais ao menos conhecida mas um matemático de topo a largar estas pérolas é genial... talvez seja normal quando se chega aos 67 anos.

Outra coisa interessante, sabem o que é que descobri nas casas de banho do Instituto Coreano de Estudos Avançados? Pelo nome deve ser uma coisa avançada e claro que é! Casas de banho sem papel higiénico... não sei se é para ajudar o ambiente mas era o seguimento lógico das sanitas, um teclado com uma data de botões onde escolhes o modo de limpeza... parece-me uma grande ideia. É que minuto a minuto poupam-se anos de vida não sentados numa satina! Antes que perguntem como é, tenho que dizer que as instruções que estão coladas na porta estão em coreano e, porque não quero pedir para aquilo usar o piaçaba para a limpeza vou procurar as instruções em inglês na internet primeiro.

Bem, por agora acho que é tudo... um dia destes talvez venha escrever mais qualquer coisa ou partilhar umas fotos da Coreia mas agora tenho de ir trabalhar porque ao que parece, após passar anos meio perdido na matemática para resolver um problema cujo enunciado posso escrever em duas linhas, acabei com algo nas mãos um pouco maior do que era de esperar... mas isso é uma história para contar outro dia.

Um grande abraço,
Eduardo

ps: outra coisa, foi preciso vir à Coreia para descobrir que Gangnam é o nome de uma região em Seoul onde obviamente usam tudo o que está relacionada com a música como "publicidade"

Gangnam district

domingo, 1 de junho de 2014

Vais saltar? Não, vou cair...

Bem, este Sábado de-mos a prenda do dia pai ao Manuel Dias, que para quem não sabe, é o nosso pai.
E não vamos já contar a história toda que eu tenho que ir fazer a mala para ir para Coimbra, mas aqui vai um trailer/teaser sobre o que aconteceu:

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Mais tetos!

Há muito tempo que falei sobre estes tetos, mas desta vez falarei sobre reais tetos. Um belo par de mamas é sempre agradável, para um homem não existe visão mais acolhedora, para uma mulher é sempre agradável ter um par que agrade aos restantes. É como toda a gente sabe, feito para as crianças mas o adultos é que brincam. Afinal de contas, nascemos todos agarrados a eles, quem diga que nunca apreciou um bom par de tetos está a mentir. E com os novos avanços da internet, foi inventado a grande ferramenta que poderá torna os tetos algo mais cobiçado ainda.

Perdido pela internet encontrei algo que vos quero partilhar, mesmo que o leitor não seja portador de um belo par de tetos:


A pergunta será, quanto vale um par de mamas? Suponho que será um mercado inteligente em que a procura/oferta ditará o preço dos seios, o que acham que acontecerá? Haverá mais homens a querer ver mamas do que mulheres a mostrar?
E imaginem o seguinte:

Mãe: "filho, vai ali à esquina e compra meia duzia de pães... Epá, não tenho dinheiro trocado... pega aí no telemóvel..."

Esta internet não me para de supreender, e eu vou trabalhar num bar que aceite titcoins!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Novos ditados populares

Boas,

como há poucos dias foi o segundo aniversário da minha recuperação acho que é uma boa altura para fazer o que me pediram depois do último post e tentar escrever algo um pouco mais divertido do que aqueles que me dá para escrever filosofias de vida meio idiotas... vou escrever as filosofias (muito menos idiotas claro) que fui ouvindo em pequenos rasgos se sabedoria quando menos esperava e que fui sempre anotando no telemóvel. Espero que um dia vos seja útil ;)

Como acabei de vir de Itália vou começar com duas frases que ouvi lá,
"A minha avó uma vez disse-me que os portugueses são homens exóticos" 
Dito por uma rapariga, boa como tudo, mas que depois me falou do namorado... (foi como mostrar um bife a um cão e depois atirá-lo fora). 
Ainda pensei em ver se as outras italianas também tinham esta ideia mas isto foi durante uma escola de geometria algébrica e como devem imaginar, não há muitas raparigas... 

Um dia que tínhamos de apanhar um autocarro num canto cidade e não havia sítios para comprar bilhetes porque era tarde, um italiano sugeriu,
"Fare il portoghese". E todos os italianos perceberam logo que era viajar sem pagar porque em Itália diz-se "finge que és português". Isto tem uma história enorme por trás relacionada com pagar aos padres para ser perdoável conquistar o Brasil... hoje em dia,para eles, "fazer-se português" só significa sacar o máximo sem pagar e como todos sabemos é o que fazemos... É sem medo, e como todos sabemos que somos os melhores do mundo, cá vai outra outra frase que só diz respeito a Portugal,
"O nosso país não abarca tantos agricultores enquanto houver nabos a mais e tomates a menos!"
escrito por Josefa Martins no Facebook. Mais do que verdade em relação a agricultores pode ser lida com quase qualquer profissão... (menos políticos, esses são representados por nabos nesta frase).

Não por um italiano mas por um senhor ex-seminarista (daí estar relacionado com Itália),
"Mulheres e religiões, passem-nas pelos colhões"
Dá para ver porque é que ele não acabou como padre! E tal como ele, muita gente saca frases brilhantes no que toca a mulheres,
"Nós não gostamos de bebés... Mas gostamos de mamar!"
frase do filho.
Atenção que não fui eu que lhe ensinei a frase... talvez o princípio. Mas se sim foi há muitos anos atrás... agora às vezes nem me apetece realmente passar pelo trabalho todo que pode levar ao mamar e aí uso a frase que o meu irmão me ensinou,
"Não te apetece sair com ela? Diz-lhe que tens de ir apertar o aço".

Claro que não é muito normal não me apetecer passar pelo trabalho até porque a frase mais típica da família,
"Só doem as que ficam por dar".
Mas não fiquem a pensar que somos demasiado abusados porque a segunda frase da família,
"Primeiro as obrigações, depois os colhões".

Claro que há mulheres que nos vão fazer pôr os compromissos de lado... mas só por um bocadinho digo eu. A não ser que confie na frase que uma menina de 6 anos me disse na primeira semana deste ano,
"As gajas de cabelo vermelho é que te fazem ser porco"
isto porque, enquanto ela pintava um desenho de uma princesa, eu tive a infeliz ideia de lhe dizer para não pintar os cabelos de laranja. Porque não vermelho que é uma cor muito bonita à mesma mas é mesmo cor de cabelo? Foi a resposta que tive.
Como foi das poucas frases que ouvi ser dita por alguém realmente sincero acho que vou acreditar e mesmo que ter o cabelo vermelho a faça ser mais difícil tenho sempre esta última frase dita pelo ex-seminarista.
"As mulheres difíceis valem sempre o esforço".

Esta última frase talvez tenha sido demasiado lamechas... como era sobre cabelo vermelho também podia acabar com 
"Pelo Benfica!" 
mas isso os visitantes da Ay-Ó-Linda iam perceber que não faz muito sentido.

Um abraço,

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Serei extremista?

Dedicado à minha mãe, com a sua paciência para me aturar:

Quando cheguei a casa de fim de semana apercebi-me que a minha mãe me achou um bocado bruto no que escrevi sobre as praxes...
Então achei que devia escrever uma outra bela composição para pedir desculpas...
Eu compreendo que talvez veja as coisas de maneira particular e tenha reacções um quanto brutas... Apenas acho que a vida deve ser assim aproveitada, sendo honesto com as nossas descargas emocionais. Sabem quando conduzem e existe aqueles condutores que tiraram a carta na farinha amparo? Pois, eu normalmente não costumo tecer elogios a essas pessoas... e sinceramente acho que ao lado dos piscas de um carro, devia haver uma espécie de sinal luminoso mais ou menos com este formato: .|. para se poder relembrar aos outros condutores do perigo que estão a ser na via pública...
Tal como os políticos deviam ser realmente humilhados quando dizem merdas sem jeito nenhum tal como a culpa das praxes é da universidade, não é Portas?
Mas talvez seja eu demasiado extremista... Mas não sinto que seja o pior, porque se eu fiz piadas, estes gajos levaram a situação do Meco a um extremo muito maior:

 
Mãe: no final aparece "Não te baldes, fica na escola".

Mesmo a mensagem sendo a mesma, eles é que são extremistas, eu sou um menino a fazer piadas ao pé destes tipos!

Abraço, e desculpem também qualquer coisinha ;)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Ser praxista

Boas,
Como toda a gente faz comentários sobre a praxe, o Finos e fritos também tem de fazer um!

Primeira parte da minha bela composição dirige-se aos Caloiros (e futuros caloiros):
Eu tenho um irmão mais novo que daqui a uns anos irá ingressar no ensino superior. Seja em Coimbra ou em outro lado, vamos ter uma conversa séria que vai começar com "aproveita a universidade e nunca te esqueças, só doem as que ficam por dar!" sobre a praxe só lhe posso dizer "Zé, desemerda-te!"

Sejamos sinceros, com 17/18 anos toda a vossa educação terá que vir ao de cima, e se com esta idade não têm cabeça para julgar o que querem fazer ou não nas praxes desemerdem-se! Lá porque tiveram o azar de terem um doutor a dar-vos na cabeça que também não se comporta como um homenzinho que devia ser, a culpa de sairem de lá a chorar é vossa ou dos vossos pais que foram incompetentes na parte da educação!
Cresçam tomates! Com 17/18 eu preferi passar a "humilhação" (que não é realmente humilhação) de gritarem comigo e me levarem para os copos,  mas se não querem sair de baixo da saia da vossa mãe, a escolha é vossa. Podem utilizar o argumento de estar a ser praxado para fazerem o que vos apetece como caloriros... só é preciso que cresçam um par de bolas! Quando fui caloiro os meus padrinhos queriam que eu perguntasse a 25 raparigas se iam para a cama comigo, se fosse caloiro sabendo o que sei hoje teria-o feito! (Apanharia muito par de estalos ou teria sorte).
Com esta idade ias para a tropa com pessoal a gritar contigo de manhã à noite (caso alguma vez tenham conversado com o vosso pai sobre esse tempo vão saber), hoje em dia vais para o superior e se tiveres sorte, quem grita contigo também te paga uns copos no processo.

Eu estive sob praxe na sala do conselho de veteranos, e por muito horrível que isto pareça, foi bastante engraçado. Sim, esfreguei um mini frigorífico e bebi uns copos com os veteranos... E depois? Sempre mantive contacto com os donos do frigorífico, que nunca estava vazio, e sempre me trataram com respeito.
Tenho saudades do meu tempo de caloiro e foi um dos melhores anos que vivi. Talvez tenha tido uma experiência única em Coimbra por viver com 3 matemáticos que levavam aquilo a um extremo (ser matemático traz estas merdas), mas eu tive sempre a possiblidade de os mandar a eles e à praxe com o caralho! Agora só posso dizer, ainda bem que não o fiz embora tenha lavado demasiada louça! Foi um ano genial e ter uma experiência deste nível, mesmo que não tenham matemáticos à vossa volta, só depende apenas de vós Caloiros ou futuros Caloiros. Aproveitem este magnífico primeiro ano porque nunca mais voltará.

Segunda parte, aos anti-praxe:
Respeito a vossa opinião mas gostaria que a minha opinião também fosse respeitada. Respeito que não quiseram fazer parte do movimento praxe mas eu vivi a praxe e nunca fui humilhado, tudo o que leio que apontam à praxe eu nunca senti na pele... Mas respeito a vossa opinião e antes de falarem compreendam que eu sou praxista porque entendo que existem erros e falhas na praxe actual e o meu expoente máximo de praxista foi tentar melhorar a praxe para servir como um meio de integração e não de humilhação. Pelo menos eu tentei! É claro que não salvei o mundo mas fiz mais do que ser um treinador de bancada. Por isso façam lá os vossos comentários idiotas do respeito e igualdade, eu respeito a vossa opinião... mas com todo o respeito, vou ignorar-vos.

Terceira parte, aos pais:
Cuidado com a selecção natural. Eu sei que se esforçam para dar um mundo melhor aos vossos filhos, mas esforcem-se também para dar um filho melhor ao mundo e talvez isto comece a correr melhor...

Quarta parte, a quem anda a dizer que a praxe é fascismo que destroi a sociedade:
Isso só soa a queixas sobre o mundo em que vivem. Aturam o chefe aos berros os dias todos, tal como um caloiro na praxe, mas a diferença é que a seguir os praxistas levam-nos para os copos e melhor ainda, no ano a seguir somos nós a praxar. Como é que as coisas estão relacionadas? O vosso chefe alguma vez vos pagou um fino? Ganhem tino e importem-se com coisas importantes que podem influenciar o futuro da minha juventude em vez de andarem a tentar tirar-nos uma razão (se calhar das poucas) que nos faz dizer, adoro ser português! Porque todos sabemos que este país está completamente uma merda (frutos da vossa geração) mas pelo menos, durante uns anos, temos um vida completamente genial que nos vai dar sempre orgulho de termos aqui vivido e estudado.

E por último, aos meus padrinhos, ao afilhado único e colegas de praxe:
Um abraço e qualquer dia temos combinar um copo, sois grandes pessoas que eu acabei por conhecer num movimento que pelos vistos anda na boca do povo. Mesmo assim continuais bem vistos na minha memória. Se não for antes, pelo menos quando eu rasgar o traje!

Saudações académicas,

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Trepar árvores

para a sereia que me veio acordar,
Boas,

há dias lembrei-me de uma história de infância.Tinha eu mais ou menos sete anos, decidi que subir árvores me parecia fascinante e foi o que me pus a fazer sempre que tinha uma oportunidade. Encantava-me a sensação de chegar ao topo. Passar alguns minutos a ver onde posso apoiar os pés e para onde posso mudar as mãos sem mais preocupação nenhuma na cabeça para, com um bocadinho de esforço, me levantar no topo da árvore, olhar à volta e ficar super contente e com uma sensação de orgulho. Tinha corrido riscos porque a árvore parecia gigante, desobedeci ordens porque os meus pais disseram-me para não o fazer mas no fim, consegui fazer o que queria.
Era uma pequena amostra de uma sensação que, ao longo dos anos, vai ocorrendo cada vez menos. A sensação de ter chegado um pouco mais longe, ter feito algo fora da rotina e que muita gente não compreende porquê, que nos dá uma satisfação pessoal enorme. Mais tarde começamos a associar este prazer a muito menos acontecimentos. A um sucesso académico ou desportivo, a sair com uma recém-conhecida e acabar por trocar um beijo ao fim da noite, a ser promovido na empresa... Tudo coisas que, com a idade a passar, vão acontecendo cada vez mais raramente. Mas enquanto se é garoto basta subir a uma árvore e era o que eu fazia.

Continuando com a história, certo dia, parte da minha família foi lá para um canto qualquer em Portugal apanhar azeitona. Eu como era miúdo e ainda não podia ajudar assim tanto decidi procurar uma árvore para subir. Isto ainda demorou um bocado porque eu não queria uma árvore qualquer. Eu queria a maior. E já que não era suposto fazê-lo tinha que ser uma que estivesse um bocadinho longe do meu pai.
Olhando para trás, isto foi como sempre me comportei em relação a tudo. Tentar dar um passo maior que a perna. Quase nunca consigo chegar exactamente onde queria, o que acaba por trazer uma pequena dor, mas por outro lado tenho sempre a satisfação de me virem dar os parabéns porque fiz mais do que esperavam de mim e a felicidade de não ter sido tempo perdido.

Voltando às árvores, quando encontrei a que me parecia a mais interessante lá fui eu ramos acima. Ainda me assustei um bocado porque escolher a maior trás sempre alguns problemas mas em compensação trouxe uma vitória bem maior. Vitória esta que só me soube bem durante um pequeno momento... quando cheguei ao topo percebi que estava nevoeiro e não se via nada. Não podia gritar ao meu pai "pai, olha onde eu estou", porque não basta fazer uma asneira, temos que avisar toda a gente que a fizemos (pelo menos quando temos sete anos) e depois percebi que também não conseguia descer sozinho... A árvore era demasiado alta, eu era demasiado pequeno e é sempre mais fácil medir as coisas olhando de baixo do que olhando de cima. Lá tive de gritar à mesma para o meu pai mas algo como "pai, tira-me de onde eu estou".
O meu pai lá andou um bocado à minha procura, por causa do nevoeiro, e acabou por me ajudar a descer. Para criança, até foi uma história engraçada mas agora vem a parte triste... nunca mais tentei subir a árvore nenhuma.

O medo de falhar tirou-me algo que me dava bastante prazer na altura... porque é que fui tão fraco? Vá, tinha sete anos é certo, mas alguém podia ter-me dito para não desistir assim. Mas será que posso realmente culpar alguém por eu ter desistido? Poderia se agora nunca desistisse de nada que me deu prazer antes... mas será que não há coisas das quais desisti nestes últimos anos? Bastantes na realidade... porque não me lembrava desta história? Porque haveria de escolher um caminho fácil sem hipóteses de queda quando há tantas coisas que quero fazer? Novamente o medo de falhar que só os miúdos não têm... talvez o medo de partir a cabeça na queda. Mas alguém me veio mostrar que este medo não nos traz nada e a minha decisão de novo ano é só uma, voltar a querer dar um passo maior que a perna! O que podemos obter seguindo uma vida trivial resignados à sorte que vamos tendo? Muito pouco... sorte só tem um num milhão e não podemos esperar por ela. Daqui para a frente vou voltar a tentar esticar tudo ao máximo, chegar ao topo de todas as árvores que me der na cabeça que quero subir.

É claro que fazer isto vai sempre levar as pessoas a topos dos quais não conseguem descer. Vale a pena desistir por isso? Claro que não... haverá sempre alguém que vos ajude, tal como o fizeram para mim nestas férias, por isso coragem! Trepem uma árvore, liguem aos amigos para irem jogar um jogo de futebol como nos bons velhos tempos, convidem um amor não concretizado para tomar café, tentem pintar uma tela, aprendam um instrumento, saltem de pára-quedas... corram riscos e aproveitem cada topo a que chegarem! Para as pessoas que tiveram algo traumático na vida que os deixa sempre de pé atrás aqui vai a frase que um amigo meu me disse há umas semanas, "a estrada com pior alcatrão já a percorreste, agora aprecia a vida, vais ver que vai ser tudo melhor" e é o que vou fazer.

Se alguma vez me virem meio deprimido falem-me em trepar árvores que de certeza me vai ajudar e espero que acabe por ajudar alguém que leia o blog também. Um grande abraço,