quarta-feira, 17 de abril de 2013

Congresso da Sopa

Bom dia,

aqui vai uma história da minha "juventude" que sempre achei genial.

Em Maio de 2006, como é normal, havia uma Queima das fitas onde qualquer estudante, obrigatoriamente, tem de ir. Nesse ano e no primeiro sábado a minha namorada decidiu que eu tinha de ir à terra onde ela estudava, Tomar, para ir à bênção das pastas. Não é que eu seja muito religioso e a ideia de deixar de ir à queima só para ir a uma missa não me estava a deixar muito contente... mas vá, era só um dia e se houve coisa que os meus pais sempre me ensinaram é que é preciso respeitar as convicções das pessoas em geral (e ela era minha namorada podia sempre ter uma prenda por isso). Para não ser tão chato convenci o João Nuno a fazer-me companhia.

Saímos a noite toda, tentamos dormir uma hora das deis às sete, trajamos e fomos apanhar o comboio. Aqui é quando a história começa a ficar interessante. Para ir de Coimbra para Tomar é preciso trocar de linha na Lamarosa (nomes sempre geniais) que é um sítio basicamente no meio do nada. O comboio atrasou um pouco, (se calhar eram as pessoas da CP de Coimbra que estavam meio bêbadas da Queima ou já estavam a fazer greves) e quando íamos para trocar, o comboio já tinha saído e o próximo era só duas horas depois... O que nos valeu é que com a ajuda do álcool da noite anterior tivemos grande ideia. "Vamos à boleia".

Perguntamos a uma senhora para que lado era Tomar e lá fomos. O primeiro carro que pára pergunta para onde queríamos ir, nós ficamos logo todos contentes mas afinal ele só ia para o café no fim da rua... Como disse, Lamarosa é no meio do nada e a coisa já estava a ficar um pouco assustadora. Passado um bom bocado lá parou uma senhora super simpática que nos perguntou, "vocês são tolos e estão a pensar ir a pé para Coimbra?". Era só até Tomar lá explicamos e ela deu-nos boleia. Conseguimos chegar vivos e não violados a Tomar.

Em Tomar fomos até casa da namorada e, por surpresa do destino, ela não tinha tudo pronto para a missa. Ainda precisava de cozer fitas na pasta e símbolos na capa o que fazia com que ela não tivesse tempo para nos cozinhar almoço ou sequer ir almoçar connosco a qualquer lado. Sugeriu então que fossemos até à "festa das sopas" a que ela nunca tinha ido mas podia ser que fosse divertido. E foi!

Primeiro éramos um sucesso porque mesmo o Congresso da Sopa sendo em Tomar, que tem universidade, os estudantes de lá não vão. Muita gente vinha perguntar o que estudávamos na universidade lá e quando lhes dizíamos que não éramos de Tomar ficavam a dar-nos imenso paleio durante imenso tempo. Os melhores foram os dois homens, já com uma certa idade, que tinham estudado em Coimbra entre '65 e '69. 

Mil histórias que ouvimos nesse dia sendo provavelmente as melhores (e as que ainda me lembro): 
1) o homem que roubava galinhas (216 segundo as contas dele), ensinou-nos o truque para roubar galinhas quando estão a dormir e contou a história de quando a polícia foi a casa dele por causa disso e ele depois de dizer que devia ser outra pessoa convenceu os polícias a jantarem em casa dele... o jantar era galinha.
2) o homem que roubou um eléctrico porque o condutor parou para ir a um café e ele lembrou-se de experimentar de seria fácil conduzir um.
Foi genial conhecer os senhores e fez-me sentir que por muita asneira que tenha feito em Coimbra estive muito longe deste nível.

Só um pormenor agora, quando se vai ao Congresso da Sopa pagava-se 8€ e tínhamos direito a uma taça e um copo para encher quantas vezes quisermos com Sopa e vinho. Como nós não bebemos assim tanto por estarmos ocupados a ouvir as mil histórias no fim decidimos comprar um garrafão de 5 litros para levar. Isto levou a alguns acontecimentos fascinantes.
Primeiro tiraram-nos uma foto que apareceu num jornal de Tomar com o título "Estudantes de Tomar trocam Cerveja por Vinho". Foi pena não terem percebido que éramos de Coimbra mas foi muito bom. Mais tarde e já durante a missa, que era ao ar livre, veio um senhor perguntar se o garrafão era de vinho (claro que era) e se podia provar um copo... até é compreensível com o calor que estava. 
No fim da missa tinha de ver os pais da namorada e com aquele vinho todo em cima decidi que era melhor escondermos o garrafão num jardim para não dar tanto nas vistas. A ideia era depois ir buscar  mas nunca mais o encontrámos! Espero que alguém o tenha achado (o jardineiro ou o filho) e aproveitado o resto ou então há um garrafão de vinagre algures em Tomar agora.

Bem, no fim deste dia genial aprendemos que, se não à bênção das pastas, ir ao Congresso das Sopas vale mesmo a pena. Voltámos umas quantas vezes, (da última éramos umas 8 pessoas e fomos entrevistados para a rádio) este ano não sei se vou estar em Portugal na altura por isso não posso dizer que vou mas fica aqui a história para quem quiser fazer algo mesmo fascinante nesta Queima (Sábado dia 4).

Boas sopas e bom vinho para quem decidir ir,
Um abraço,

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