Este fim de semana a minha terrinha (e não só) foi atingida por um vendaval enorme e uma das consequências foi ficar sem luz de sexta até domingo (quando voltei para Coimbra, tanto quanto sei a aldeia ainda está às escuras) e foi algo muito diferente. O que aconteceu primeiro foi aperceber-me que não tinha direito a internet, depois apercebi-me que também não tinha direito a computador e então resignei-me à leitura que só podia fazer nas escassas de luz de inverno. Depois apercebi-me que também não havia direito ao luxo que é um banho de água quente, o qual o leitor pensará que tomei banho de água fria mas engana-se, porque decidi num acto de protesto contra a meteorologia não tomar banho. Não é tudo mau, andei a criar imunidade durante o fim de semana.
Como leitura era algo penoso para ser feito às luz das velas, virei-me para o origami, cujo o tacto até vai facilitando o trabalho. Mais tarde falarei dos meus feitos nesta arte, ando a seguir o livro que o meu irmão me ofereceu, e aquilo é genial e acabei por inventar um modelo meu que ainda pretendo melhorar. Foi produtivo.
Foi engraçado e tanto quanto soube, não existiram baixas para aquela zona, só o aborrecimento de casas levarem com meia dúzia de pinheiros em cima, não existir rede móvel nem electricidade e senhores que não conseguiram tirar a viatura da garagem para ir à missa. A vida continuou normalmente para além destes percalços.
Eu lembro-me ser miúdo e ficar sem luz várias vezes ao ano devido ao mau tempo mandar um pinheiro contra os cabos da electricidade, mas quando se é miúdo não ter luz é algo pouco importante, pois ainda não tinha computador em casa, não tinha internet e o telefone trabalhava na mesma. Estava habituado a actividades que não necessitam de luz e era feliz, este fim de semana senti-me aborrecido por não poder desperdiçar o meu tempo no pc.
E à luz da vela apercebi-me quanto é que nos tornamos dependente da luz e esquecemos das pequenas coisas da vida que nos fazem realmente bem e felizes, porque à luz da vela tudo fica mais romântico e humano! Jantar fica romântico e até falar com pessoas que não tomam banho há três dias fica romântico!
Tive aquela sensação de viver à antiga, reviver um pouco da minha infância, lembro-me ainda de ser miúdo e o meu pai dizer "Só te lembras de santa Bárbara quando troveja, não é?" e eu dei por mim sentado na poltrona a rezar para que a casa de banho não explodisse por ter uma vela acesa ao meu lado! Já não rezava assim há uns tempos!
Foi um fim de semana engraçado e o melhor de tudo é que não fui obrigado a assistir à casa dos segredos.
Vou começar a contar os meses, desconfio que daqui a 9 vai ser mulheres a parir em todo o canto e esquina! Não estou a dizer que se pine mais quando não há luz, apenas é mais difícil encontrar os preservativos às escuras, todo o rapazinho sabe disso.
Sem comentários:
Enviar um comentário